Embrapa Pecuária Sul mostra na Expointer tecnologias para aumento da produtividade


Tecnologias já disponíveis a produtores e pesquisas que buscam o aumento da produtividade e da sustentabilidade da pecuária serão apresentadas pela Embrapa Pecuária Sul na 35ª Expointer.


Terneiras foram mantidas em estacas a céu aberto, em locais com pasto e com sombra

Tecnologias já disponíveis a produtores e pesquisas que buscam o aumento da produtividade e da sustentabilidade da pecuária serão apresentadas pela Embrapa Pecuária Sul na 35ª edição da Expointer, considerada uma das maiores feiras da América Latina a se realizar de 25 de agosto a 2 de setembro, em Esteio.

Em relação à ovinocultura estará à disposição do público tecnologias como a inseminação artificial com sêmen fresco, a introdução do gene Booroola e a sincronização de partos. Já em bovinocultura de leite, será exposta a pesquisa sobre sistema de cria de terneiras leiteiras em estacas. Outra ação apresentada na feira será a Rede de Pesquisa Pecus que está avaliando as emissões de gases de efeito estufa pela pecuária no bioma Pampa.

Bovinocultura de leite

A fase de cria na pecuária leiteira representa um dos momentos cruciais para o desenvolvimento da terneira, pois nesse período observam-se os maiores índices de mortalidade nos sistemas de produção de leite, que no Brasil estão entre 10 e 20%. Além da importância do colostro para a imunização dos animais nas primeiras 24 horas após o nascimento, outros fatores principais estão relacionados à mortalidade nessa fase inicial. Entre eles, estão a contaminação ambiental, a aglomeração dos animais e a presença de ventos em locais com alta umidade. A tecnologia a ser apresentada de Sistema de cria de terneiras leiteiras em estacas comparou o desempenho desses animais ao sistema de criação com os animais mantidos juntos em abrigo, durante o período outono/inverno, por uma média de 60 dias da fase de aleitamento.

No manejo, as terneiras foram mantidas em estacas a céu aberto, em locais com pasto e com sombra, estando presas a uma corda de 2,5 metros, que permitia o comportamento lúdico dos animais, bem como o pastejo no local de acesso. Todas foram alimentadas com concentrado, feno e leite durante 90 dias e foram trocadas de local toda vez que o piso se mostrou inadequado. Este sistema requer pouco investimento, porém sua utilização é indicada em locais onde haja piquetes bem drenados, com grama resistente ao pisoteio e sombra em abundância por meio de árvores, abrigos ou sombrites. A grande vantagem, além do baixo custo, é o baixo nível de contaminação e o tratamento individual das terneiras. Entretanto, este sistema requer maior mão-de-obra do que sistemas coletivos.

De acordo com a pesquisadora responsável pelo projeto, Renata Suñé, a criação em estacas permitiu um consumo antecipado de feno e concentrado, o que otimizou o ganho de peso. “Foi constatado que aqueles animais mantidos em estacas tiveram ganho de peso 28% maior, e menos problemas sanitários, como diarreia e disfunções respiratórias, quando comparadas a outras terneiras mantidas em abrigo soltas e em grupo”, destaca a pesquisadora.

Pecuária

 A participação da atividade pecuária nas emissões e remoções de gases de efeito estufa (GEE) tem propiciado diversos e intensos debates. Muitas vezes rotulada com a grande vilã nesta dinâmica, no Brasil ainda não existem estudos sistematizados e científicos sobre o papel da pecuária no processo. Com o objetivo de avaliar o balanço do carbono, foi criada pela Embrapa a Rede de Pesquisa Pecus, que vai estudar a dinâmica dos GEE nos seis biomas brasileiros.

No bioma Pampa, as pesquisas estão sendo lideradas pela Embrapa Pecuária Sule as avaliações da dinâmica dos GEE vêm sendo conduzidas em três sistemas pecuários: Integração Lavoura-Pecuária (soja/milho-ovinos); terminação de bovinos de corte em pastagem natural manejada com diferentes níveis de intensificação; e recria de novilhas em ambientes pastoris, com diferentes níveis de interferência antrópica.

Para avaliar a dinâmica dos GEE, serão utilizadas diferentes metodologias, tanto para medir a emissão dos gases pelos animais e pelo sistema solo-planta, como para analisar a quantidade de carbono armazenado no solo no mesmo período. No caso dos animais, a emissão de metano é medida com a colocação de coletores junto às narinas, equipamento que vai mostrar a quantidade de gás emitido em determinado período. Já a emissão do sistema solo-planta é avaliada a partir de um equipamento formado por uma caixa hermeticamente fechada que, por meio de sensores, possibilita averiguar a quantidade de carbono que é liberada para a atmosfera. Por outro lado, amostras do solo são retiradas de diferentes profundidades para quantificar a quantidade de carbono que fica armazenado nos ambientes estudados. Segundo a pesquisadora Cristina Genro, coordenadora do Pecus no bioma,  resultados da pesquisa mostram que no Pampa é possível criar bovinos de corte em pastagem nativa com baixas emissões de metano, mantendo o solo em excelentes condições, desde que os sistemas sejam manejados adequadamente.

 Ovinocultura

Com a retomada da ovinocultura, motivada pela valorização da carne, torna-se fundamental o aumento do rebanho ovino, o que tem sido alvo de várias políticas públicas. A utilização da inseminação artificial (IA) pode proporcionar uma ampliação no uso de carneiros selecionados por características desejáveis ou que possuam o gene da prolificidade (mutação Booroola). Uma infraestrutura adequada e a Sincronização de Partos são componentes do sucesso do processo de inseminação.

A Infraestrutura para a Inseminação foi desenvolvida e fomentada, nas décadas de 1940 e 1950, pelo Serviço de Fisiopatologia da Reprodução e Inseminação Artificial (Sfria) de Ovinos do Ministério da Agricultura. A disseminação dessa tecnologia de IA é uma ação de resgate realizada pela Embrapa Pecuária Sul, já que visa facilitar o manejo dos animais e o processo de utilização do sêmen fresco de um carneiro para inseminar lotes maiores de ovelhas. Com a sincronização de partos, tecnologia desenvolvida pela Embrapa Pecuária Sul, além de reunir, no mesmo período, um maior número de fêmeas férteis para a inseminação, é possível fazer com que os partos coincidam com épocas de melhor disponibilidade alimentar, o que reduz as perdas após a parição.

A inseminação artificial é também uma ferramenta importante para a disseminação da tecnologia Booroola. A partir dos estudos realizados na Embrapa Pecuária Sul, o gene foi introduzido em ovelhas, quando se verificou o potencial de duplicar o número de cordeiros nascidos por ovelha acasalada. A tecnologia Booroola já está sendo utilizada por uma “3ª geração” de produtores, que já constatam os ganhos com o aumento da produtividade na criação de cordeiros para abate.Porém, o pesquisador José Carlos Ferrugem Moraes, da área de reprodução animal, ressalta que a adoção da tecnologia depende de um dispêndio maior de trabalho ao produtor, bem como um maior cuidado com o manejo, para evitar a morte de cordeiros antes do desmame.

Informações

Embrapa Pecuária Sul
Núcleo de Comunicação Organizacional (NCO)
Jornalista Fernando Goss
Jornalista Manuela Bergamim
Fone: (53) 3240 4660