Contrariando mãe e pai, produtor da Rede Leite conta história de superação


"As primeiras cinco vacas, coitadas, não tinham pasto, comiam timbó”. Produtor teve de superar falta de dinheiro e de estímulo."A mãe chorava de desgosto e o pai dizia para eu plantar grãos”.


Produtor de leite de Campos Borges Juliano Marion mostra espaço destinado à criação de terneiras

Produtores de leite de sete municípios da Região Noroeste conheceram, no dia 4 de novembro de 2011, a trajetória cheia de altos e baixos da família Marion. A visita à propriedade do casal Marliese e Juliano Marion, no interior de Campos Borges, fez parte das atividades da Rede Leite, da qual o grupo de produtores faz parte. O prefeito, Daniel Morgan, secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Paulo Paixão,  professora da Unicruz, Rosane Félix, pesquisador da Embrapa Pecuária Sul, Gustavo Martins,  além de extensionistas da Emater/RS-Ascar, acompanharam a visita. “Estamos construindo algo juntos, a partir da troca de conhecimento”, disse Martins.

 Os investimentos na genética do rebanho leiteiro, aprimorados no ano passado através do curso de inseminação artificial patrocinado pela prefeitura a Juliano e outros seis produtores do município, resultaram na produção diária de 670 litros, obtidos de 32 vacas holandesas.  A nova sala de ordenha, de alvenaria, próxima à residência da família, está equipada com aparelhos para tirar leite e resfriador que oferecem conforto e agilidade. Para chegar a este patamar, no entanto, Juliano, que atualmente é o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Campos Borges, precisou superar vários obstáculos no início da atividade, dentre eles, a falta de conhecimento e de dinheiro e a baixa fertilidade do solo. “As primeiras cinco vacas, coitadas, não tinham pasto para comer, comiam timbó”, lembrou Juliano. O timbó, árvore leguminosa nativa do sul, é considerado abortivo em bovinos, devendo, por sugestão da Embrapa, ser evitado para o sombreamento em pastagens. “Na época, uma das vacas deu cria, mas as filhas gêmeas nasceram mortas”, lembrou Juliano.

 A dificuldade inicial para ordenhar as vacas no antigo e distante galpão de madeira, tendo de deixar sozinha em casa a filha de apenas um ano de vida, Jordana, hoje com seis, deixava aflito o casal. Somado a isso tudo, os pais de Juliano não queriam que ele produzisse leite. A mãe, por causa de um trauma vivido na adolescência, quando perdeu a visão de um olho após ter levado o laçasso dado pelo rabo de uma vaca. “Quando me formei no curso técnico em agropecuária e comprei as primeiras vacas de leite, a mãe chorava de desgosto todos os dias”, lembrou Juliano. “O pai também dizia para desistir do leite e plantar grãos”.

Para piorar, 15 dos primeiros 17 bezerros que nasceram, eram machos. Desmotivado, Juliano pensou em desistir. No ano seguinte, porém, em 2006, nasceram 12 fêmeas e três machos. “Eu disse: é um sinal divino, vamos continuar”.

 Sócios da Cooperativa Tritícola de Espumoso (Cotriel), atualmente os Marion chegam a receber R$ 0,80 pelo litro de leite. Para clientes que vão até a propriedade, o litro é vendido a R$ 1,00. O casal deposita no açude de 0,5 hectare, recentemente construído a partir do projeto técnico elaborado pela Emater/RS-Ascar, a esperança de ver o pasto irrigado. Mantendo por mais tempo os animais no campo, Marliese e Juliano esperam reduzir a quantidade de silagem e os custos de produção. “Hoje me sinto realizada”, disse Marliese.

 

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