Pesquisa da Embrapa revela bom índice de gordura e proteína em propriedade da Rede Leite


Foram analisadas amostras de leite do plantel da família Ianke.


Plantel inclui vacas jersey, holandesa e mestiças.

A relação gordura:proteína, pesquisada pela Embrapa Pecuária Sul, revelou bom status energético do rebanho leiteiro de uma pequena propriedade rural do interior de Chiapetta. Na quinta-feira (10/10), pesquisadores do projeto “Sistemas Pastoris de Produção de Leite: avaliação da adequação dos biotipos a sistemas com diferentes graus de intensificação" estiveram na pequena propriedade da família Ianke, uma das mais de 60 propriedades que fazem parte da Rede Leite. No encontro, foram analisados resultados de amostras de leite coletadas mensalmente com auxílio de extensionistas da Emater/RS-Ascar. A pesquisa, inédita na região, também analisa amostras de leite coletadas de grupos de animais da estação experimental da Embrapa Pecuária Sul, em Bagé.

Estiveram na propriedade, em Linha São José, a líder do projeto, médica veterinária Renata Suñé, e  pesquisadores Gustavo Martins da Silva, Emanuelle Baldo Gaspar e Márcia Teixeira da Silveira, além do vice-prefeito, Luis Minuzzi Stopiglia, secretário municipal de agricultura, Valcir Guadagnin, assistente técnico regional de sistemas de produção da Emater/RS-Ascar, Oldemar Weiller, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Clóvis Sebastião dos Santos, agricultores familiares e extensionistas da Emater/RS-Ascar.

No plantel leiteiro da família Ianke, há 30 animais mestiços e das raças jersey e holandesa. Desde janeiro, estão sendo analisadas características como proteína, gordura, lactose, Contagem de Células Somáticas, Contagem Bacteriana Total e uréia.  Por meio da pesquisa, é possível definir a curva de lactação - período entre o início do parto até o final da lactação. “Em nenhum momento a relação proteína/gordura atingiu o ponto crítico que seria 0,8”, analisou Emanuelle.

O principal objetivo da pesquisa é identificar biotipos de animais mais adequados aos sistemas de produção de cada região.  No entanto, o contato com os pesquisadores tem feito com que os pequenos produtores da Região Noroeste aprimorem o controle dos níveis de proteína e gordura do leite, por meio de genética, alimentação e manejo sanitário, importante não apenas para atender uma exigência da indústria, mas para reduzir custos de produção e evitar doenças como a cetose - quando a vaca reduz a produção de leite.

Uma dieta inadequada, segundo os pesquisadores, pode gerar prejuízos produtivos e reprodutivos, na medida em que provoca um desequilíbrio no metabolismo dos animais. “O importante é que a família aceite e compreenda como isso funciona e construa alternativas sem se tornar dependente da assistência técnica”, disse a extensionista de Bem-Estar Social da Emater/RS-Ascar, Neiva Steffen.

A produção de leite em Chiapetta

A família Ianke começou a produzir leite há quase meio século. Os patriarcas da família, Alice e Delemar, lembram que, na década de 60, havia apenas uma vaca e a produção diária era de quatro litros. Atualmente, o filho, Rubem, e a nora, Marli, fazem uma engenharia para tirar leite de 23 vacas em lactação.

O sonho do jovem casal é construir uma nova sala de ordenha, melhorar a genética do rebanho, investir em irrigação e construir uma nova casa. Entre os netos, Danielle, 10 anos, e Edoardo, é o caçula quem se mostra mais entusiasmado com as lidas do campo. O garoto, de sete anos, é capaz de descrever todas as etapas que Rubem adota para inseminar artificialmente as vacas.   Contudo, a família não se arriscou a prever se a atividade leiteira irá sobreviver à terceira geração. “Os desafios são bem maiores do que a produção de leite. Que modelo de desenvolvimento queremos para colocar a família no centro do que é mais importante?”, refletiu Silva.

Os Ianke são é uma das 160 famílias de pequenos agricultores que produzem leite em Chiapetta. A produção mensal de leite no município passa de um milhão de litros.

A assistência técnica tem chegado até as propriedades por meio da prefeitura e governo do Estado. Segundo a Emater/RS-Ascar, há recursos públicos, investidos pela Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR), na capacitação de 131 famílias, beneficiadas pelo programa Leite Gaúcho.

 

Informações

Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar Regional de Ijuí

Jornalista Cleuza Noal Brutti