Características bioeconômicas e eficiência dos sistemas de produção


  • 18/06/2013 21:10

INSTITUIÇÃO COORDENADORA: Embrapa Pecuária Sul

LÍDERES: Marcos Jun-Iti Yokoo e Renata Wolf Suñe Martins da Silva

FONTE FINANCIADORA: EMBRAPA

PERÍODO DE EXECUÇÃO: 2 anos (início em abril de 2012)

RESUMO:

 No delineamento de programas de melhoramento genético animal, para maior
eficiência na seleção é imprescindível determinar o valor econômico de cada
característica biológica para o sistema de produção. Essa primeira e mais importante
decisão no programa de melhoramento consiste na determinação dos objetivos de
seleção (Harris, 1970; Ponzoni e Newman, 1989).
É importante distinguir objetivo e critério de seleção. O objetivo é o que desejamos
melhorar. É uma combinação linear das características economicamente importantes no
sistema de produção (ou genótipo agregado - Hazel, 1943). Depois da definição do
objetivo, as características que podem ser melhoradas serão decididas na base dos
fatores genéticos e questões práticas no desenho do programa. Este é a escolha dos
critérios de seleção.
Para que isso seja possível é necessário verificar: (1) Quanto uma unidade de
variação pode alterar o valor de um indivíduo (valor econômico relativo da característica);
(2) quanto a variação observada representa das diferenças genéticas (sua herdabilidade);
(3) suas correlações genéticas e ambientais com as demais características (Hazel & Lush,
1942). Essa determinação de objetivos de seleção (conjuntos de características biológicas
de importância econômica para o sistema de produção) e posteriormente a identificação
de critérios de seleção (caracteres efetivamente medidos nos animais e usados para
cálculo dos valores genéticos; p.ex. produção de leite, idade ao primeiro parto, dias em
aberto, etc.) e seus valores econômicos relativos, para o melhoramento de bovinos
leiteiros em sistemas pastoris, terá que ser feita separadamente para cada raça e biotipo
de animal (variação de tamanho pequeno a grande) e nível de intensificação do sistema
de produção a pasto. Isto devido a que os valores econômicos das características
poderão variar de região para região, ou mesmo entre os diferentes sistemas de produção
numa mesma região, além de, naturalmente ao longo do tempo, caso haja mudanças de
mercado.
Para determinar objetivos de criação, se requer que primeiro seja desenvolvido um modelo bio
-econômico que descreva o processo produtivo. Para tanto buscar-se-á especificações sobre os
diferentes sistemas, relacionando o resultado econômico com o tipo de animal e suas
características biológicas.
A etapa inicial de desenvolvimento do modelo bio-econômico descrevendo o
processo produtivo em cada situação de interesse, consiste das seguintes etapas
(Ponzoni, 1988): 1) Especificar o sistema de criação, produção e o mercado; 2) Fazer
inventário das receitas e despesas da atividade; 2) Determinar os objetivos de seleção,
isto é quais as características biológicas que constituem as receitas e despesas e,
portanto afetam o lucro do sistema; 3) Derivar os valores econômicos relativos dos
caracteres identificados no item 2); 4) Determinar os critérios de seleção a serem
utilizados com base na sua facilidade de medição, de acordo com os recursos estruturais
disponíveis, e pelos parâmetros genéticos das características consideradas.
É importante ressaltar que no item 3) acima, existem diferentes formas de
determinar os valores econômicos. O peso econômico de uma característica é o retorno
bruto por unidade de mudança. Renda (R) e Despesa (D) podem ser combinadas de
maneiras diferentes, para estimar valores econômicos. Estas foram identificadas por
Harris (1970) como: Lucro (L) = R-D; retorno no investimento (F) = R/D e custo por
unidade de produção (Q) = D/R. Quando a renda e as despesas são independentes dos
custos fixos, elas somem com a diferenciação. James (1982) sugere que no longo termo
a eficiência de produção (F ou Q) é o critério apropriado, enquanto Smith et al. (1986)
coloca que lucro real vem da redução de custos por unidade de produção. Smith et al.
(1986) e James (1986) concluíram que F ou Q são mais apropriadas porque lucro tem um
componente que pode ser conseguido com mudança em escala do empreendimento, sem
melhoramento genético, mas as diferenças entre os vários métodos podem ter um efeito
pequeno em termos práticos.
Uma vez que os parâmetros zootécnicos, tamanho dos animais e os valores de
mercado estarão sujeitos a variações, especialmente em médio e longo prazo, a
sensibilidade dos valores econômicos derivados a essas variações será avaliada por meio
de análise de sensitividade.