Fórum realizado em Cruz Alta mostra pesquisas da Rede Leite


Exposição de ideias ocorreu durante fóruns temáticos


GT Qualidade reforça importância do diagnóstico e tratamento.

Pesquisas realizadas na Região Noroeste do Rio Grande do Sul revelam o funcionamento da pequena propriedade rural, preocupações e tendências das famílias que vivem no campo, qualidade e volume de produção de leite. Os trabalhos, realizados em pequenas propriedades rurais da Rede Leite, foram apresentados e debatidos na quarta-feira (23/10), em Cruz Alta, com produtores de 28 municípios, durante o 16º Fórum da Produção Pecuária-leite, realizado no campus da Universidade de Cruz Alta (Unicruz).

A exposição de ideias ocorreu durante fóruns temáticos, apresentados pelos pesquisadores da Embrapa, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí), Universidade de Cruz Alta, Universidade Federal de Santa Maria, Universidade Federal Fronteira Sul - Cerro Largo, e extensionistas da Emater/RS-Ascar.

Fatores relacionados à qualidade, como gestão econômica, implantação de forrageiras, sucessão rural, saúde de idosos e bem-estar dos produtores de leite, foram abordados por integrantes de quatro dos sete Grupos Temáticos (GT) da Rede Leite.

GT Qualidade do Leite
Os animais gostam de rotina, sombra e água fresca, e a qualidade do leite vai muito além do que sai do úbere da vaca. A qualidade, segundo a médica veterinária da Unijuí, Denize de Rosa, é um assunto amplo, também relacionado à genética, alimentação e estresse, e pode ser medida clinicamente, pelo olho do produtor, em laboratório ou mesmo na propriedade, com auxílio de equipamento portátil. A qualidade, ainda conforme a médica veterinária da Unijuí, depende de tratamento médico adequado aos animais e, sobretudo, do senso de responsabilidade. “Leite é saúde pública, o primeiro teste é ver se o produtor tem coragem de beber o leite que suas vacas produzem”, sugeriu Denize.

GT Forrageiras
Alimentação no pasto ou no cocho? A partir de uma pesquisa feita em 29 propriedades da Rede Leite, o pesquisador da Embrapa Pecuária Sul, Gustavo Martins da Silva, constatou equilíbrio na proporção de comida oferecida no campo e no cocho. A média de ração oferecida ao dia para cada animal é 2,4 kg e de silagem, 11,6 Kg. No inverno, a lotação de animais por hectare é de 4,6 animais de 450 kg. No verão, o número de vacas por hectare aumenta (5,7), devido à redução de área para o plantio de soja e milho.

Outro aspecto, enfatizado pelo professor da Universidade Federal de Santa Maria, João Pedro Velho, diz respeito à genética. Há algo errado no sistema de produção de leite se uma vaca com genética para produzir 30 litros de leite ao dia produz menos que isso. “Irão ocorrer problemas metabólicos no animal e o produtor, certamente, irá gastar com medicamentos”, insistiu o professor da UFSM. “O produtor tem de adequar sua prática de manejo alimentar ao rumo que está pensando em dar para seu sistema de produção de leite”, completou Silva.

GT Econômico
No campo da economia, a professora da Unicruz, Claudia Prudêncio de Mera, pediu aos agricultores que registrem seus custos fixos – que devem ser pagos independentemente de o produtor obter ou não produção, como luz, água, prestações de compra de máquinas-, e os custos variáveis - variam em proporção direta com o volume de produção ou área, como fertilizantes, sementes, ração, mão de obra. Claudia chamou a atenção para um aspecto quase imperceptível, o custo da depreciação – obtido dividindo-se o valor do bem pelo seu tempo de vida útil. Um trator novo, exemplificou Claudia, é investimento, mas, com o passar dos anos, deverá ser substituído e o produtor terá de calcular essa depreciação.

GT Social
Tão importante quanto pensar no sistema produtivo do leite e calcular seus custos é pensar no bem-estar da família que produz leite. “Adianta uma boa gestão se não há sucessores?”, indagou a professora da Unicruz, pedagoga Rosane Felix. As pesquisas apresentadas pelo GT Social no fórum se baseiam em quatro eixos: sucessão familiar, envelhecimento, gênero e qualidade de vida. “São temas tão importantes como os demais”, disse Rosane. A líder do Grupo Interdisciplinar de Estudos do Envelhecimento Humano (GIEEH), da Unicruz, Solange Garces, e a enfermeira da entidade, Nara Marisco, detalharam um estudo feito sobre a vida de 123 idosos do meio rural. O projeto de pesquisa “Condições de Saúde, Sociabilidades e Trajetória de Vida de idosos produtores rurais” é coordenado pela Unicruz e desenvolvido, prioritariamente, nas pequenas propriedades rurais que fazem parte da Rede Leite. Foram observados indicadores de saúde, mobilidade, sucessão e apoio familiar, trajetória de vida e projetos.

O 16º Fórum da Produção Pecuária-leite realizado em Cruz Alta foi promovido pela Unicruz, Rede Leite, Mestrado Profissional em Desenvolvimento Rural e Emater/RS-Ascar.


Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar - Regional de Ijuí
Jornalista Cleuza Noal Brutti
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