Análise do solo é fundamental para atividade leiteira


Recomendação é conhecer o solo para manejar melhor as pastagens


Laboratório de Análise de Solos da Unijuí presta serviços há quase 25 anos

Todo produtor quer obter resultados satisfatórios, para tanto, não pode esquecer que a atividade leiteira está intimamente relacionada com a fertilidade do solo utilizado para as pastagens. Para os pesquisadores da Rede Leite, conhecer o tipo de solo onde será implantada a comida para o gado é primordial.

O ideal, segundo o engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, Dejair Burtet, seria se o produtor fizesse uma análise de solo e que o resultado fosse interpretado com o objetivo de auxiliar nas correções necessárias ao bom desenvolvimento da planta forrageira. “Nós continuamos analisando a história de produção e desenvolvimento das pastagens, mas a análise de solo é a ferramenta científica que temos a disposição hoje”, explicou.

Com a análise, o produtor fica conhecendo o nível de nutrientes disponível no solo e, consequentemente, para as plantas, além do potencial hidrogeniônico (pH) do solo. “Um solo ácido, por exemplo, pode dificultar a liberação de nutrientes para as plantas”, disse Burtet.

Cada espécie de vegetal necessita de uma quantidade mínima de nutrientes para que possa responder com todo seu potencial genético em produção de massa verde. “Água e carbono são extraídos pelos vegetais do ar e da água do solo em quantidade que alcançam em torno de 90% da massa dos vegetais. Eles vêm de graça, da natureza, mas o solo precisa estar em condições para que a água infiltre e chegue às raízes”, alertou o engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar.

Alternativas para recuperar o solo, como a adição de matéria orgânica - palhas, sobras dos pastos e estercos -, são bem vindas. “Com o tempo, isso pode melhorar as condições de fertilidade do solo, desde que a quantidade retirada pelos vegetais e animais não seja maior do que a adicionada pelas sobras”, finalizou Burtet. Contudo, é importante que seja feito um acompanhamento das condições do solo através de análises laboratoriais, observando também os resíduos de estercos, pois, em grande quantidade, podem ser um problema ambiental, acrescentou o pesquisador da Embrapa Pecuária Sul, Gustavo Martins da Silva.


Unijuí realiza análises de solos há quase 25 anos

Na região Noroeste, o Laboratório de Análise de Solos da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí) é um dos 27 laboratórios credenciados à Rede Oficial de Laboratórios de Análise de Solo e de Tecido Vegetal dos Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina (Rolas) – órgão que coordena o Programa de Controle de Qualidade das Análises de Solo desses dois Estados.

A prestação de serviços de análises de solo é realizada pela instituição há quase 25 anos, segundo a coordenadora e responsável técnica pelo Laboratório de Solos da Unijuí, professora Leonir Terezinha Uhde. O laboratório realiza as análises básica e completa de solos, atuando na prestação de serviços a agricultores, cooperativas, prefeituras, associações, entre outras instituições da região.

Conforme Leonir, a análise básica revela o percentual de argila, PH do solo, método ph-SMP (que é o método de análise e correção de acidez do solo, usado para determinação de calagem dos solos no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina),fósforo e potássio, teor de matéria orgânica e, também, a presença da acidez potencial do solo e a disponibilidade dos cátions trocados, como cálcio e magnésio. “Ainda pode-se fazer a análise de micronutrientes, mas, em um primeiro momento, a análise básica é suficiente para verificarmos se há necessidade de calagem (aplicação de calcário) e de adubação para as espécies que o agricultor utiliza”, esclareceu Leonir.


Representatividade da amostra é decisiva para correta recomendação de adubação do solo

A amostra representativa de uma gleba é aquela que melhor reflete as condições de fertilidade da área amostrada. Para se obter uma amostra representativa de uma área é necessário retirar várias subamostras em diversos pontos e misturá-las, considerando o tipo de solo, a topografia, a vegetação e o histórico de utilização. A representatividade da amostra é, portanto, essencial para a indicação correta das recomendações de fertilizantes e de corretivos da acidez do solo. “Os solos podem ser diferenciados pela cor, textura, profundidade do perfil, topografia, entre outros. Se todos esses fatores forem homogêneos numa área, existindo, no entanto, uma parte já utilizada ou adubada (ou corrigida com calcário), então esta última deve ser amostrada em separado”, esclareceu.

Sobre a possibilidade de ocorrerem erros nas análises, a professora da Unijuí assegurou que nos laboratórios isso é mais difícil, pois há pessoas especializadas trabalhando e, também, um controle externo. “Os laboratórios participam de um programa externo de controle de análises, através do qual cada laboratório credenciado ao Rolas analisa, todo mês, quatro amostras e compara o resultado com o dos demais laboratórios”, explicou Leonir.

O tempo médio de obtenção do resultado de uma amostra é de 25 dias. O custo da análise básica é R$ 28 e da análise completa, R$ 36.

Após o resultado da análise, o Escritório Júnior de Aconselhamento e Planejamento Rural da Unijuí, que é um projeto de extensão universitária, realiza a interpretação e recomendação aos agricultores.

Leonir avaliou que há uma demanda bastante grande de análises de solos para a fruticultura, olericultura e áreas de lavoura para produção de grãos. Além dos municípios da região Noroeste, o laboratório atende outras regiões do Estado.

O Laboratório de Solos da Unijuí também realiza análise de resíduos orgânicos e em breve deve entrar em funcionamento o Laboratório de Física do Solo.


Produtor de leite não costuma fazer análise de solo

Leonir revelou que a maioria dos produtores de leite – a partir dos relatos no I Fórum da Rede Leite, realizado em agosto, em Ijuí – não costuma analisar o solo para fins de recomendação de calagem e adubação em áreas de pastagens.

Outro problema, segundo ela, ocorre quando os agricultores desconhecem a quantidade de adubação orgânica que podem utilizar. “Se o produtor não sabe o tipo de solo que possui, não tem precisão de quanto adubo utilizar”, esclareceu Leonir. Por isso, ela reafirma a importância de o produtor de leite fazer a análise, no mínimo, uma vez por ano cada ano. “A partir da análise, o agricultor vai ter informações sobre a necessidade ou não de aplicação de corretivos e de nutrientes no solo, além de quais devem ser aplicados e a quantidade de adubo para as diferentes condições de solo e de espécies de forrageiras utilizadas pelo produtor de leite. E isso é fundamental para a atividade leiteira”.

Os produtores que fazem parte da Rede Leite têm direito a uma análise de solo a cada semestre, segundo o pesquisador da Embrapa Pecuária Sul, Gustavo Martins da Silva. A amostra de solo deve ser encaminhada ao laboratório da Unijuí, juntamente com o Formulário para Envio de Amostras (disponível no site da Rede Leite). “Aos poucos, os produtores percebem a importância deste procedimento, até porque o custo da análise é pequeno se comparado com os benefícios e até economia no manejo que o produtor terá depois”, esclareceu o pesquisador da Embrapa.

 

Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar - Regional de Ijuí
Jornalista Cleuza Noal Brutti
Estagiária Jaqueline Peripolli
Fone: (55) 3333 8040