Leite Gaúcho aborda efeito da silagem na produção e reprodução animal em dia de campo


Emater/RS-Ascar indica silagem como reserva de alimento em sistema de produção a pasto


Silo trincheira na propridade dos Breitenbach, integrantes da Rede Leite.

Falar em silagem não é novidade para quem produz leite. No entanto, produzir silagem de qualidade ainda é um desafio. Na quarta-feira (16/10), o tema foi amplamente discutido durante Dia de Campo Silagem, em linha Mambuca, interior de Condor, na Região Noroeste Colonial. O evento, promovido pela Emater/RS-Ascar, Conselho Municipal Agropecuário, prefeitura e Cotripal Agropecuária Cooperativa, é uma ação do programa estadual Leite Gaúcho, coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR), com objetivo de aumentar a produção de leite e qualificar o trabalho em 30 mil pequenas propriedades rurais.

“A comida é o item mais caro na produção de leite, consome 50% dos investimentos totais do produtor, por isso, é determinante para o sucesso ou insucesso da atividade”, disse a extensionista de Bem-estar Social da Emater/RS-Ascar, Roseli Seitenfuss.

Nas seis estações do Dia de Campo, os produtores ouviram sobre a importância do planejamento em todas as fases da elaboração da silagem - desde a escolha de cultivares que produzem grãos de alta qualidade, passando pela regulagem da máquina que faz o corte da forrageira, construção do silo trincheira, até o tamanho das fatias de silagem que o produtor retira diariamente do silo.

O excesso de cuidado em todas as etapas se baseia em estudos científicos, voltados a evitar que fungos se alojem na silagem. Quando isso ocorre, alertou o médico veterinário da Cotripal, Luciano Oliveira, os fungos ingeridos baixam a imunidade da vaca, deixando o caminho livre para doenças como diarréia, tristeza parasitária, mamite e acidose. Os fungos também podem provocar abortos e reabsorção embrionária, quando a vaca perde a cria até 42 dias depois de ter sido inseminada. “A diferença entre a silagem insatisfatória e a de excelente qualidade pode ser de até quatro litros a mais de leite”, comparou o assistente técnico regional de sistemas de produção da Emater/RS-Ascar, médico veterinário Oldemar Weiller.

Para reforçar a ideia, a Emater/RS-Ascar fez uso de metodologia participativa. Na propriedade do casal Marinêz e Ildo Breitenbach, que fazem parte da Rede Leite, os extensionistas convidaram os agricultores a fazer a análise sensorial da silagem de milho guardada no silo trincheira. Os produtores cheiraram, tocaram, analisaram o tamanho dos pedaços e a cor da silagem. Com ajuda de um termômetro, verificaram a temperatura no interior do silo, que, segundo Weiller, tem de estar até dois graus acima da temperatura ambiente. Por fim, concluíram que a silagem feita pelos Breitenbach é muito boa. “O cheiro se parece com o do chucrute (conserva de repolho fermentado)”, comparou uma agricultora. “Quando forem fazer o silo, vocês têm que socar bem a silagem com o trator, até tirar todo o ar de dentro”, explicou Breitenbach.

Segundo a técnica em agropecuária da Emater/RS-Ascar, Nerci Claas, a silagem para os Breitenbach é um complemento alimentar a uma dieta diversificada, que inclui as forrageiras tifton e áries, além de ração. “Acreditamos que a silagem deva ser usada, mas como uma reserva de alimento dentro de um sistema de produção de leite a pasto”, disse o engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, Diogo Schwertner. “A silagem é uma fonte de energia e fibra e, bem conservada, pode durar até quatro anos”, completou Schwertner.

Uma das empresas líderes no mercado de máquinas colhedoras de forragens, com sede em São Paulo, a Nogueira levou para o Dia de Campo uma colhedora com sistema de navalhas e rolos que sugam o milho para dentro no ato da colheita. Outra novidade, apresentada pelo representante comercial, Rogério Donadel, foi o sistema de quebra uniforme de grãos durante o processo de picagem do milho. A quebra dos grãos, segundo pesquisas, facilita a digestão da vaca e aumenta a produção de leite. “Antigamente a preocupação era com o volume de silagem, depois, passou a ser com a qualidade do grão. Hoje, estamos em um terceiro estágio, buscamos variedades com boa qualidade de grãos, mas também, de folhas e talos”, concluiu Weiller.

Também participaram do Dia de Campo, o secretário municipal de Agricultura, Clênio Amaral, e a supervisora microrregional da Emater/RS-Ascar, Auria Schröder.

Leite Gaúcho

O programa Leite Gaúcho é considerado uma das principais políticas públicas da SDR. Em 2012 e 2013, os recursos investidos pela secretaria no segmento leite passam de R$ 25,5 milhões. Em resposta ao estímulo dado pelo governo, as propriedades têm aumentado a produção e a produtividade, elevando para 5% a projeção de crescimento do setor leiteiro para este ano, segundo a Emater/RS-Ascar.

No ranking nacional, o Rio Grande do Sul é o segundo maior produtor de leite, com 3,9 bilhões de litros/ano, atrás de Minas Gerais.

Informações
Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar Regional de Ijuí
Jornalista Cleuza Noal Brutti