Tarde de campo em Alto Alegre evidencia potencial das pastagens do Noroeste


Pesquisadores da Embrapa apresentaram estudos com cereais de inverno em propriedade da Rede Leite


UO de Alto Alegre sediou o evento

Produtores de leite dos municípios de Alto Alegre, Campos Borges, Jacuizinho e Salto do Jacuí, na Região Noroeste do Rio Grande do Sul, tiveram a oportunidade de participar de uma tarde de campo sobre manejo de pastagens e alimentação animal. O evento, realizado na terça-feira (25/9), na propriedade da família Corazza, em Alto Alegre, foi promovido pela Rede Leite com apoio da Embrapa Trigo.

Ao falar sobre alimentação dos animais, o pesquisador da Embrapa Trigo, Renato Fontanelli, deu uma boa notícia aos produtores de leite. “Com animais de boa genética e o clima colaborando na produção de alimento, o potencial produtivo das vacas pode ser muito grande. A região tem várias alternativas de alimentação para os animais”, explicou. Para ele, se hoje as vacas não produzem o tanto quanto têm capacidade é devido à falta de alimento. “Não temos uma receita. Aprendemos com os produtores e trabalhamos com o que se adequa a cada propriedade”, apontou Fontanelli.

Para verificar na prática as explicações de Fontanelli, o grupo partiu para a propriedade dos Corazza, localizada em Linha Corazza, interior de Alto Alegre. Lá, os produtores puderam conferir ensaios forrageiros com cereais de inverno, obtidos em áreas experimentais da Embrapa. Foram implantadas quatro parcelas de 300 m² cada uma, totalizando 1.200 m² de pastagens como trigo duplo propósito, centeio, azevém ponteio, aveia comum e azevém barjumbo. Essas variedades foram plantadas em duas épocas e cada parcela recebeu três cortes.

Conforme Fontanelli, os cereais de duplo propósito apresentam excelente retorno financeiro aos agricultores. “Produtores que praticam a integração lavoura-pecuária são os principais beneficiados com estas cultivares”, disse o pesquisador. Dentre as vantagens destas variedades está a cobertura de solo antecipada, a produção antecipada de forragem no outono e a maior produção de grãos do rebrote.

Com a demonstração, os produtores puderam analisar qual tipo de pastagem se adequa melhor a cada situação. No fim do evento, Fontanelli questionou os agricultores sobre qual das variedades julgavam melhor para alimentar o gado. “Com isso, cada produtor pode perceber as vantagens das variedades que apresentamos aqui. E foi possível ver que a região tem um potencial de produção de forrageiras muito bom”, finalizou.

A programação da tarde de campo também priorizou o histórico do Programa Rede Leite. O pesquisador da Embrapa Pecuária Sul, Gustavo Martins da Silva, falou sobre a Rede, da qual a família Corazza faz parte há um ano. “Momentos como este são muito ricos. É uma oportunidade de trocarmos ideias com os produtores. E a Rede Leite proporciona isso, pois somamos o nosso conhecimento de pesquisadores com a experiência dos agricultores”, enfatizou Silva.

Embora Alto Alegre conte com uma Unidade de Observação, há no município um grupo de produtores de leite que se reúne para debater e trocar experiências sobre a atividade, baseado na metodologia da Rede Leite. Segundo o técnico agrícola da Emater/RS-Ascar, Sidnei Dal’Agnol, o grupo existe há mais de dois anos e participam em torno de 30 agricultores familiares, que contam com o auxílio da Emater/RS-Ascar de Alto Alegre.


Família pretende aumentar plantel leiteiro

Desde que se casaram, há 25 anos, Leonice e João Corazza apostam na atividade leiteira, atualmente, a principal fonte de renda da família. A agricultora recordou o tempo em que ordenhava com as mãos. “Era mais sofrido, mas aos poucos fomos comprando equipamentos e realizando melhorias para facilitar o trabalho. A genética dos animais também foi melhorando, o que possibilitou que tivéssemos sucesso com a atividade”, contou.

Desde o ano passado, a propriedade é uma das 68 Unidades de Observação (UO), assim chamadas as pequenas propriedades que integram a Rede Leite. Atualmente, o plantel conta com 70 animais, sendo 34 vacas em lactação. A meta da família Corazza, no longo prazo, é aumentar para 45 esse número. “A atividade leiteira é rentável, tanto, que apostamos nela há 25 anos”, afirmou João. Hoje, a produção média vaca/dia é de 25 a 30 litros de leite.

No que diz respeito à alimentação, os animais têm pasto em abundância. A área destinada à produção de alimento é de aproximadamente 40 hectares, onde são cultivados milho para silagem e para grão, soja, tifton, sorgo, milheto e, também, há espaço para potreiros. “No inverno, a alimentação disponível para o gado foi o trigo duplo propósito, aveia azevém, azevém barjumbo e trevo. E ainda complementamos com ração”, disse Leonice.

Além da produção de leite, os Corazza trabalham com a suinocultura. Hoje, são mantidos 500 suínos integrados. Segundo João, a suinocultura complementa o ganho obtido com a produção de leite e os dejetos dos suínos adubam as pastagens e reduzem os custos com adubos químicos, como a ureia.

Trabalham na propriedade, além do casal, dois dos três filhos, Henrique e Fábio, e um empregado. Diego, o filho mais velho, estuda em Uruguaiana.

 

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